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Por que adolescentes se alimentam tão mal?

Atualizado: 20 de dez. de 2023

Autores: Cicero Ayslan, Clara Letícia, Gustavo Cavalcante, 

João Paulo (2º ano Financas 2023)

Edicão: Prof@. Gervaní Magalhães

Representação de hábitos alimentares 📸 Freep!k.

Todos sabem que a alimentação desempenha um papel crucial, especialmente para os estudantes que passam boa parte do dia nas escolas. Mas será que essas refeições estão à altura das necessidades nutricionais deles? Os adolescentes se alimentam mal nas instituições públicas de ensino?


Em virtude desses questionamentos, uma pesquisa amostral¹ recente feita por nós, alunos do 2º ano de Finanças da Escola profissionalizante Raimundo Saraiva Coelho, de Juazeiro do Norte Ceará, revelou dados interessantes sobre a percepção desse público estudantil com relação às refeições consumidas por eles no dia a dia (em casa) e com relação às servidas na escola.


Cerca de 35% dos estudantes pesquisados possuem maus hábitos alimentares, conforme o gráfico abaixo, visto que optam sanduíches, pizzas ou industrializados quando não estão na escola. Quando lhes perguntado se eles "se alimentavam das refeições servidas no ambiente educacional, e se as consideravam nutritivas e saborosas", apenas 38,1% afirmaram positivamente para esses questionamentos, ou seja, boa parte dos alunos saraivanos estão insatisfeitos com o que é servido diariamente, por empresa terceirizada - responsável pelo alimentação nessa escola.


Este resultado é preocupante, uma vez que boa parte dos alunos (61,9%) não está satisfeita ou não gosta da alimentação servida e, desse total, 11,4% ficam o dia inteiro sem se alimentar - com exceção daqueles que possuem laudo médico nutricional, os quais levam sua alimentação de casa.


Todavia, vale ressaltar que o desinteresse de muitos adolescentes por certos alimentos vêm de sua cultura pessoal e familiar, na qual optam por fast foods, salgados, massas, doces e refrigerantes. Assim, ao se depararem com outro tipo de alimentação no âmbito escolar, tendem a rejeitá-lo.


Acrescenta-se a isso o fato de que, muitas vezes, a rejeição a certos alimentos se dá pela falta de comunicação direta e democrática dos nutricionistas - responsáveis pelo acompanhamento da alimentação escolar - com os estudantes, a fim de construírem juntos um cardápio que considere o paladar dos adolescentes somado aos nutrientes necessários para uma alimentação saudável.


Nessa perspectiva, tais números supracitados revelam que uma parcela significativa dos estudantes não consideram que os cardápios da merenda na escola citada sejam atrativos, saborosos e nutritivos, pois muitos reclamaram que pouco tempo após as refeições já estão com fome.


 Isso é um sinal de alerta e merece atenção não só por parte dessa instituição de ensino, como também dos responsáveis pela alimentação escolar no estado ceadense e no país, haja vista que a qualidade da alimentação nas escolas desempenha um papel importante na formação dos hábitos alimentares das crianças e adolescentes quando estes forem adultos.


De acordo com a lei que instituiu o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), uma alimentação adequada durante a infância e a adolescência contribui para o crescimento saudável, o desenvolvimento cognitivo e a prevenção de doenças. Por outro lado, uma alimentação deficiente pode levar a problemas de saúde, como obesidade, diabetes, hipertensão e até mesmo afetar o desempenho acadêmico. 


Contrariando tais evidências, alguns alunos afirmam na pergunta 10 do questionário, que passam dos limites em relação aos alimentos não saudáveis, calóricos, como o macarrão, arroz e pão, além de embutidos como a salsicha, muitas vezes, todos esses alimentos servidos no mesmo dia no ambiente escolar e em casa. Essas combinações interferem, a longo prazo, na qualidade de vida, no sono, que, por sua vez, interfere na conduta, no raciocínio, afetando, assim, o desempenho educacional desses jovens.


Para garantir que as refeições escolares sejam realmente nutritivas e contribuam para a qualidade de vida dos estudantes, é fundamental que sejam oferecidas opções variadas e balanceadas. Isso inclui uma diversidade de alimentos, como frutas, legumes, verduras proteínas magras e grãos integrais, os quais estão ausentes da merenda escolar pelo Brasil por falta de investimentos públicos nesse setor. O site do .gov.br/mec informa que o PNAE destina apenas $2,56 por aluno/dia nas escolas de ensino em tempo integral/profissinalizantes. Esses recursos financeiros são complementados pelos estados e repassados para as empresas terceirizadas que ficam responsáveis pelas refeições nas instituições estaduais de ensino profissionalizante, como a EP RSC.


Sendo assim, com esse baixíssimo valor e com alta da inflação que eleva os preços dos alimentos, é um desafio adequar um cardápio saudável e balanceado nas instituições públicas de ensino do país.


Outro desafio, é a falta de educação alimentar, pois desde cedo, às crianças não é ensinado sobre assunto, e não controle rigoroso de açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio nos pratos servidos tanto em casa quanto nas escolas.


 Vale ressaltar que com mais educação alimentar nas instituições de ensino, haverá a curto, médio e longo prazos, melhor autonomia por parte dos estudantes. Assim como é de fundamental importância os pais/ responsáveis incentivarem seus filhos a experimentarem novos alimentos saudáveis em casa.


Em resumo, os hábitos alimentares dos adolescentes na EP RSC, tal qual acontece em outras instituições, refletem seus costumes de casa , pois à medida que aprendem e optam por comer determinados alimentos processados e industrializados, em detrimento dos naturais, tendem a rejeitar essa alimentação quando servida na escola.


Destarte, é evidente a relação entre a alimentação saudável e a qualidade de vida, isso é indiscutível. Por isso, o poder público federal e estadual devem cuidadosamente fazer planejamentos eficazes e destinar mais recursos financeiros para atender às necessidades nutricionais dos estudantes, principalmente daqueles que passam mais tempo nessas instituições - cerca de 10 horas. Portanto, não subestimamos o poder da alimentação saudável, associada à prática de exercícios físicos, na promoção da qualidade da saúde tanto física quanto mental, a fim de encarar essa longa rotina de estudos e ter bons desempenhos acadêmicos. É hora de repensar a alimentação escolar saudável como um investimento na saúde e no bem-estar de nossas crianças e jovens para se ter avanços no ensino público do país.


 

¹ Pesquisa do projeto interdisciplinar de Lingua portuguesa, Educação física e Matemática - com o tema "Alimentação escolar e qualidade de vida na EP Raimundo Saraiva Coelho" desenvolvido pelos alunos do 2º anos , sob orientação e supervisão dos professores Gervaní Magalhães, Danielly Sousa e Marcos, respectivamente.



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