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Pesquisa revela como anda a alimentação dos alunos da EEEP Raimundo Saraiva Coelho.

Autoras: Maria Luiza, Maria Rayssa, Carla Vanessa,

Ana Beatriz, Jéssica (2º ano - Finanças 2023 )

Edição: Profª Gervaní Magalhães

📸 Freepik


Pesquisa intitulada "Alimentação saudável e qualidade de vida na EP RSC", realizada na escola profissionalizante Raimundo Saraiva Coelho, por alunos da 2ª série do ensino médio, entre os meses de setembro e outubro de 2023, buscou coletar dados para analisar como anda a alimentação dos alunos, qual é a relação desta com a qualidade de vida e o desempenho acadêmico na instituição.


O projeto organizado e supervisionado interdisciplinarmente pelos professores de Língua Portuguesa, Educação Física e Matemática - respectivamente, Gervaní Magalhães, Danielly de Sousa e Marcos Ricardo -, foi realizado nas turmas de Edificações, Finanças, Design de interiores, Transações Imobiliárias e Desenho da Construção Civil, por meio de questionário elaborado pelos próprios estudantes pesquisadores, para coleta de dados e entrevistas, a fim de posteriormente analisar os infográficos e produzir matérias jornalísticas.


Desse modo, nesse texto abordaremos alguns resultados interessantes. Nossa equipe (do 2° ano B - curso de Finanças) realizou coleta amostral com 105 alunos do mesmo curso e identificou - conforme o gráfico ao lado - que 88,6% dos estudantes se alimentam das refeições oferecidas na escola e que, desse total, apenas 38,1% estão totalmente satisfeitos. Lembrando que parte dos outros 11,4% não se alimentam das refeições servidas na escola, por possuírem dieta balanceada garantida por laudo médico nutricional e, por isso, trazem de casa sua própria alimentação.


Em entrevista à nossa equipe de reportagem, alguns estudantes afirmaram gostar do que a escola oferece, entretanto, questionam a falta de alguns nutrientes e proteínas nas refeições diárias, como a ausência de frutas e verduras saladas. Outros relataram algum desconforto, tendo vista que, segundo eles, o cardápio repetido excessivamente todas as semanas, ou até diariamente (exemplo pão na merenda da manhã e da tarde), com os mesmos ingredientes, torna-se enjoativo.

Alunos Miguel e Kauã em almoço no refeitório da escola RSC - Refeição servida todas as quartas-feiras, sem exceção. 📸Cícero Hyarley (Design de interiores)


Ao serem confrontados, um deles afirma: “Eu como quase sempre, mas uma aula depois da merenda já estou com fome de novo, eu como menos aqui do que na minha casa, porque a comida não me agrada muito”. Outro aluno emenda a resposta dizendo: “Eu costumo pular a merenda da tarde, porque é quase sempre pão, e eu não como, então merendo só ao chegar em casa”.


Estudos da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), em parceria com a OMS, mostram que uma alimentação saudável, balanceada é aquela que é rica em fibras, proteínas, carboidratos, lipídios, proteínas, sais minerais, vitaminas e livre de excessos de gorduras, sal e aúcar. A alimentação equilibrada, explica o estudo, é o caminho mais importante para uma vida plena, repleta de qualidade, uma vez que ela ajuda a evitar doenças, proporciona a nutrição do corpo, o funcionamento correto do organismo, melhora a disposição, a energia, o bem-estar mental, entre diversos outros benefícios. Desse modo, fica evidente sua importância e, por isso mesmo, deveria estar presente na vida de todas as pessoas.


Entretanto, para boa parte dos estudantes (e dos brasileiros) são vários os fatores que a cerca, entre eles: a insegurança alimentar, a desigualdade econômica ou até mesmo a falta de informação sobre o assunto e a falta de hábito alimentar saudável em casa faz com que muitos a rejeitem. Um exemplo da falta de bons hábitos alimentares é que verduras e legumes são pouco aceitos pelos alunos, os quais preferem as massas, 77,1%.


A educadora física, Danielly Sousa, explica que a qualidade de vida está ligada não só à alimentação saudável, balanceada e nutritiva, mas também à realização de atividades físicas de forma regular e em níveis suficientes para ajudar a prevenir e a tratar doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiopatias e diabetes. Essas práticas, explica ela, contribuem para a melhora da capacidade cardiorrespiratória, fortalecimento muscular, aumento do bem-estar físico e da autoestima, melhora a qualidade do sono e o raciocínio, reduz o estresse entre outros benefícios. Dessa forma, a pessoa se sente motivada para a rotina e, consequentemente, leva uma vida saudável, afirma a profissional.


Contrariando a fala da professora, na pesquisa escolar, identificamos, porém, que entre os alunos da escola Raimundo Saraiva Coelho, hábitos não saudáveis são frequentes: 32,4% deles, por exemplo, não praticam nenhuma atividade física/esportiva.


Esses dados comprovam que a má alimentação é também enraizada na nossa cultura, já que boa parte dos brasileiros não se preocupa tanto em ter uma alimentação balanceada, ingerindo carboidratos em grandes quantidades e dando menos atenção às outras categorias alimentícias. Isso porque a falta de conhecimento sobre nutrição, influência de hábitos alimentares inadequados e preferência por alimentos menos saudáveis.


Uma das entrevistadas, de 16 anos, a qual preferiu não ser identificada, ao ser questionada, deixou evidente sua má alimentação e, ao ser perguntada o motivo respondeu: “Eu não me privo de nada, sou jovem e aproveito tudo que está ao meu alcance, se saio com meus amigos ou família experimento tudo que me der vontade. Na minha família há diversas pessoas com doenças, como diabetes e colesterol alto, então eu aproveito enquanto posso, pois não tenho que me privar como elas.”


Segundo especialistas, porém, os hábitos alimentares como os da entrevistada estão completamente equivocados, uma vez que uma alimentação saudável é necessária na adolescência para o crescimento, diferenciação e a proliferação celular, reprodução e a integridade do sistema imunológico, a fim de evitar doenças e auxiliar o desenvolvimento intelectual e físico.


O cotidiano do adolescente é outro fator que também influencia nos seus hábitos alimentares, como: maior tempo fora de casa, a escola e os amigos, o nível socioeconômico, a mídia, os mitos e os tabus alimentares, a busca de autonomia e identidade, a urbanização, etc. Um exemplo disso é o que acontece nas escolas de ensino em tempo integral ou as de ensino profissionalizante, como na EEEP Raimundo Saraiva Coelho, cujos alunos passam em média 10 horas no ambiente escolar e precisam consumir os alimentos exclusivamente oferecidos na instituição.


Embora o Guia Alimentar do Ministério da Saúde recomende realizar no mínimo 3 refeições principais ou no máximo 6, com um intervalo de 3 horas entre elas, os gráficos obtidos na escola RSC contrariam essa ideia uma vez que muitos alunos - 63,8% - pulam alguma ou até todas 10,5% as refeições oferidas na instituição. Todavia, essa ação, pode interferir diretamente na aprendizagem, pois, segundo especialistas em nutrição, a falta de proteínas diminui a produção de dopamina e adrenalina, as quais são responsáveis por dar energia ao indivíduo.


Além disso, refeições pobres em nutrientes e minerais podem prejudicar a concentração e o foco, habilidades essenciais para a aprendizagem do aluno, ficando evidente a importância de se alimentar de forma correta tanto no ambiente escolar quanto fora dele. Alguns estudantes, com quem conversamos, relataram que sentem tais sintomas, principalmente após o almoço, já que devido ao pouco tempo de almoço para cada bloco, que não lhes permitem mastigar adequadamente, associado à rotina estressante (com muitos trabalhos e poucas horas de sono), ao calor e à alimentação que não agrada ao paladar de todos, geram desconfortos como fadiga, sonolência, dores de cabeça e mal-estar. Tudo isso, descreve outra aluna, faz os rendimentos caírem nas 6ª e 7ª aulas.

Outro fator essencial abordado na nossa pesquisa escolar foi sobre a ingestão adequada ou não de água, na qual ficou evidente que a maioria dos estudantes, 74,3%, não consomem a quantidade adequada, que é no mínimo de 2 litros diários.


De acordo com a OMS, para saber quantos litros de água cada pessoa deve consumir, fazemos a multiplicação de 35 ml por kg corporal, então percebemos que cada corpo requer uma certa quantidade de água necessária. Fazer essa estimativa é muito importante, uma vez que através dela podemos dar ao nosso corpo a água necessária para um bom funcionamento do organismo.


De modo geral, conclui-se que a alimentação servida na escola em questão não agrada à maioria dos alunos entrevistados pois segundo os quais ela é pouco diversificada e pouco nutritiva, a exemplo do pão com salsicha e pão com manteiga servidos no mesmo dia. Conclui-se ainda que a falta de hábitos alimentares saudáveis por parte dos alunos tanto dentro quanto fora da escola, a ausência práticas de atividades físicas e a ingestão inadequada de água impactam diretamente na qualidade de vida dos estudantes.


Vale ressaltar, porém, que a nossa instituição escolar não gerencia a alimentação servida aos estudantes, porque essa tarefa é feita por serviço de empresa terceirizada, a qual recebe recursos do União e do estado para isso. A título de esclarecimento, convém destacar que apesar de o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) - Programa administrado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação (MEC) - garantir refeições adequadas e balanceadas aos alunos da rede pública de ensino, esses recursos financeiros ainda são irrisórios - cerca de  R$2,56 por aluno/dia, complementado com verbas dos estados, recursos esses que são repassados para essas empresas terceirizadas.


Sendo assim, é preciso finalmente reconhecer que com o pouco investimento do MEC e das SEDUCs na alimentação escolar, é minimamente impossível de se ter uma alimentação saudável (balanceada e diversificada e que agrade à maioria) nesses ambientes. Logo, é fundamental um olhar do poder público federal e estadual para esse setor, a fim de melhorar, consequentemente, a qualidade da educação pública do país.



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