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  • Foto do escritorRSC NEWS

A VIOLÊNCIA POLICIAL COMO AGENTE DO RACISMO ESTRUTURAL


Disponível em: https://www.humorpolitico.com.br/adnael/racismo-estrutural-2/

urante a construção histórica do Brasil, a sociedade foi fundada sobre a banalização da morte — a morte de corpos específicos, baseando, pois, a estrutura do país sobre o sangue. As consequências desse tempo escravocrata ficam ainda mais claras ao se analisar o modelo do sistema carcerário e as estatísticas de homicídio os quais revelam inegavelmente, como a justiça tem, e sempre teve, cor e classe.


"Eles me privaram da dignidade", dizia Robson Silveira da Luz em seu leito de morte. Um dos nomes fundamentais na história do Movimento Unificado Contra a Discriminação Racial, Robson foi preso, torturado e morto após ser acusado de roubar frutas. Tristemente, seu caso denuncia que o 04 de maio de 1978 não ficou somente nas páginas dos jornais, mas é um dia rotineiro nas periferias brasileiras.


Segundo levantamento feito pela Rede de Observatórios da Segurança, durante o ano de 2020, na capital do Rio de Janeiro, 90% dos mortos em intervenções policiais são pessoas pretas. Porém, apenas 51,7% da sociedade fluminense se declara negra. Essa diferença mostra a ironia do funcionamento da nação e como as estáticas são ignoradas para manter esquecida a memória afro-brasileira.


Nesta última semana, noticiários de TV e de internet estamparam suas manchetes ao relatarem que movimento social jovem de rap e hip hop foi interrompido com truculência pela PM na praça do Marex, em Belém. Uma das vítimas comentou ao G1 sobre a agressão:

“A gente estava fazendo o nosso movimento social que é as batalhas de rimas, e logo quando a gente estava dando início, a PM chegou abordando a gente de forma abusiva e acabou humilhando a gente... [Criminalizaram] a gente, falando que a gente estava escutando som de vagabundo, nos ofendendo. Agrediram artistas que iam fazer parte do movimento, com tapas no rosto”.


Esse fato comprova o racismo institucionalizado na justiça que, ao invés de proteger a população, criminaliza-a com base na cor da pele, à luz do dia, mediante com inércia de todos – “Ninguém liga” para preto e pobre.

Pesquisa do CESEC (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania) em 2003, encontrou resultados confirmando largamente que os jovens do gênero masculino, negros e pessoas com uma renda menor eram abordadas desproporcionalmente pela polícia. Algumas avaliações de jovens negros ficavam mais negativas do que as daqueles que nunca foram abordados, ou se já tinha sido abordado, eventualmente, em situações menos agressivas. Desse modo, conforme o Brasil se desenvolve, a população preta e pobre é constantemente isolada às margens da sociedade e para a qual, chamar a polícia pode ser, muitas vezes um risco, já que é abordada injustamente por “policiais”, sofrendo agressões físicas e verbais. Como constata Djonga, rapper brasileiro, em uma de suas músicas, o preto convive com hipocrisia da milícia brasileira com os cidadãos: “Perguntam se eu não me arrependo do que tenho dito / Mas não se arrependem de Jenifers, Kauãs e Ágathas”. Por tudo isso, evidencia-se que, mesmo depois de mais de 130 anos desde a “Abolição da escravatura”, a escravização continua, porém, “disfarçada” e que tristemente, quase nenhuma ação efetiva foi tornada para a inversão dessa violência contra pessoas pretas, pardas e indígenas. Para nós que convivemos cotidianamente a banalização do preconceito racial, resta apenas esperar que os Robsons, os Kauãs, os Georges Floyds, os Martins Luthers Kings, as Jenifers, as Rosas Parks e as Ágathas sobrevivam a esse caos.







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